13 Vontade Indómita (Fogo)

Eles tentam derrubar-te, estatelar-te no tapete
Impedir-te de ascender e escalar a parede
Amordaçam-te, agrilhoam-te, vendem-te a ilusão
Minam-te a vontade, só resta resignação
Dum horizonte limitado simulado num chroma key
A fonte tem secado, o sonho já não mora aqui
É o elefante preso à estaca com a fina corda
Trago o estalo à padrasto na cara que te acorda
Para a realidade, verdade inconveniente
É pólvora, em cada palavra que ferve na mente
Maçarico aceso sente o cheiro a enxofre
O semblante é intenso, porque este povo sofre
Sem ponto de fuga, a poesia é profunda
A mentira é imunda, arranca a sangue-suga
O sopro vem do coração, alimenta as brasas
Sai da escuridão da gruta e abre bem as asas

A paciência esgota corta a mão que furta
Dinamite detona porque o pavio encurta
A justiça não é cega o povo já fumega
Combustível aspergido, sistema de rega
Voam faúlhas, faíscas, raios e coriscos
Soa o amolador é tempo de chuviscos
Canivetes que cuspiste voltam em queda livre
Efeito boomerang o karma é detective
Vive, porque esta geração só sobrevive
O apetite é voraz, estou no limite
Corrosivo no discurso solto aguarrás
Ás vezes é preciso guerra para viver em paz
A hipocrisia não me apraz, honra não tem preço
Tropeço, ergo-me das cinzas, recomeço
É a vontade indómita, de forma sónica
Em mim transporto energia duma bomba atómica

Fogo
Solto raiva acumulada no meu âmago
Fogo
Cuspo labaredas do fundo do estômago
Fogo
Das cinzas nascem asas, voo
Fogo, fogo, fogo