1 Esmeralda

As suas esmeraldas vertiam lágrimas
A face enrugada contava lástimas
A vida passava as suas facturas
Memórias passadas duras torturas
Sair ás 7 e voltar às sete
pensar, este dia não se repete
Como multiplicar quando nada há?
E filhos crescem na rua ao deus dará
O que será será, o que virá, virá
O sonho aos poucos desvanecerá
A realidade esmaga, ela quase sucumbe
Quando a chama apaga, já era brando lume
Ela já nem trabalha para sobreviver
É só viver para trabalhar até morrer
A a infinita pescadinha de rabo na boca
Sanidade esvai-se, a mente fica louca

O que será será, o que virá, virá
O que será será, o que virá, virá
O que será será, o que virá, virá
O sonho aos poucos desvanecerá

As suas esmeraldas vertiam lágrimas
Memórias pesadas nas suas páginas
Um puto a correr por entre os blocos
A derreter, produto vindo de Marrocos
Os mais velhos eram modelos perfeitos
Exímios espelhos de vícios e defeitos
Vastos currículos auto-destrutivos
Contagiantes, tóxicos nocívos
Uma vida de drama transforma a alma
Já nem sequer o Amor de mãe o acalma
A selva tem fome e come o coração
O sentimento some na hibernação
Pensa rápido, presa ou predador
A sua autodefesa é provocar a dor
O canto da sereia encanta no ar
Em dueto com a sirene que o vem buscar