13 Chuva Na Janela

As pingas batem na janela;
Distorcem a realidade no vidro que me separa do mundo exterior.
Questiono-me se internamente quando espreito pelos meus olhos
(A visão é deturpada pelas lágrimas que deles escorrem
E me impedem de percepcionar a realidade tal como ela é).
Não tem que chover sempre, mesmo que o cinzento habite em mim permanentemente…
Quando estas nuvens passarem, vou deixar-me inundar de claridade.
Serão bem-vindos esses beijos de sol que tanto aquecem.
Os pássaros anunciam-me que os céus já não mais vertem.
Que desvaneça esta inútil couraça que concebi!
Vou permear-me para que os raios se infiltrem e me degelem o coração,
Premiar-me pelas minhas conquistas e celebrar a luz.
Vou abrir as portadas da alma, sentar-me nesta varanda de horizonte infinito
A projectar a senda que me levará além do que tenho escrito neste caderno
(Este Inverno)
Agradecido à chuva por me ter fortalecido, enregelado, entorpecido, inebriado;
Sem esse estado nunca teria aqui chegado a este sítio
Onde vislumbro o brilho do meu propósito a ser cumprido, manifestado.